Início | Viver | Cultura | Espaços Culturais | Historial do Teatro Municipal Sá de Miranda
"O projecto d'este theatro foi elaborado pelo architecto Sardinha, lançando se a primeira pedra em dezembro de 1875. A iniciativa foi devida principalmente ao conselheiro António Alberto da Rocha Paris, José Affonso de Espergueira, Sebastião da Silva Neves, José Alves de Sousa Ferreira, Major José Maria Pareira Vianna e Dr. José Alfredo da Camara Leme. A sala d'espectaculo é em semi-circulo.
Tem 20 frizas, 21 camarotes de 1.ª ordem e 16 de 2.ª todos amplos e luxuosos, dando para espaçosos corredores e para um vasto salão. A plateia tem 82 cadeiras e 132 logares de geral. Estes logares estão muito á vontade e podem elevar-se a perto de 300. A decoração é muito bonita e graciosa. O tecto foi muito bem pintado por João B. do Rio.
O palco é muito espaçoso. O primeiro scenario da caza foi pintado pelo fallecido Lambertini. Por baixo do palco ha 17 magníficos camarins e diversas arrecadações. Bom machinismo, excellente serviço de ventillação, conveniente illuminação a gaz, nada falta ao elegante theatro, um dos melhores das províncias. Teem ali representado quasi todos os nossos primeiros artistas, todas as companhias do Porto e as principaes de Lisboa. É um theatro verdadeiramente commodo e luxuoso e com bello rendimento."
in Diccionario do Theatro Portuguez de Sousa Bastos, Lisboa, 190
É hoje mais ou menos assente que Francisco de Sá de Miranda, filho do cónego Gonçalo Mendes de Sá e de D. Inês de Melo, nasceu em Coimbra, a 28 de Agosto de 1481. Aí passou a sua mocidade, trasladando-se depois a Lisboa, onde veio frequentar na Universidade as disciplinas jurídicas. Embora sem entusiasmo pelos estudos de Direito, conseguiu ser um bom escolar e, acabando o curso, foi durante algum tempo lente substituto. Ao jovem doutor agradavam contudo mais os serões do paço, a sua atmosfera cálida e perfumada, do que o ambiente soturno das Escolas Gerais de Alfama. Foi aí, na faustosa corte manuelina, que Sá de Miranda em competição com outros, entre os quais o seu amigo Bernardim Ribeiro, começou a ensaiar os seus primeiros voos de poeta. Homem de "altas visões", instruído na leitura dos antigos, trazia já em mente uma nova ideia da arte. Entretanto, para espaçar o tempo e afinar o instrumento com que mais tarde havia de cantar cousas mais altas, cultivava com aplicação as velhas formas poéticas: a cantiga, o vilancete, a esparsa, a trova, enfim, à antiga maneira portuguesa e castelhana.
As poesias do Dr. Francisco de Sá, que Garcia de Resende, em 1516, incluiu no seu Cancioneiro, deviam ter tido o seu êxito nos serões do paço, porque são do melhor que se encontra na volumosa colecção. Sá de Miranda nunca esqueceu os seus primeiros amores e os seus primeiros triunfos. Mais tarde, homem já maduro e experimentado, cultiva ainda e sempre a deliciosa redondilha peninsular, num salutar equilíbrio com os metros italianos.
A morte de seu pai, que teria ocorrido por 1520, fá-lo deixar a carreira do Direito e permite a realização do seu grande sonho: entregar-se à literatura e ir beber na Itália as novas inspirações da Renascença, que em Portugal apenas se pressentiam. Em 1521 parte para a Itália, que percorre de ponta a ponta. A longa estadia nesse país deu-lhe tempo para conhecer de perto as grandes figuras literárias de então: Bembo, Sannazzaro, Giovio, Rucellai, Tolomei, Sadoletto, Ariosto. Felizmente para ele, tinha em Itália alguém que, pertencendo ainda à sua família, por parte dos Sás Coloneses, facilmente o poderia relacionar com os maiores escritores de então: a célebre Vittoria Colonna, a ilustre literata e amiga platónica de Miguel Ângelo. Um dos seus avós, Rodrig'Eanes de Sá, casara em Itália com Cecilia Colonna, duma família patrícia de gloriosas tradições. Daí o justificado enlevo com que Sá de Miranda, aliás pouco amigo de genealogias, se refere a este tronco familiar. Teria sido pois Vittoria Colonna o precioso agente de ligação que permitiu a Sá de Miranda um completo conhecimento da vida, da arte e da literatura italiana.
O homem austero que era Sá de Miranda, ido de Portugal, onde, ao tempo, ainda predominavam um certo recato nos costumes, não poderia deixar de experimentar um forte abalo, ao ver a soltura pagã da vida renascentista e as desordens em que se debatia então a Itália. Ou mal ou bem, o português austero e incorruptível soube abstrair da vida, e só se preocupou com as formas exteriores de arte, com a técnica. Contudo, respirou longamente o ar livre da Renascença e trouxe, ainda assim, muito mais do que cuidava.
De volta a Portugal, em 1526, passando em Espanha, teria travado talvez relações com Garcilaso de La Vega e Juan Boscan, que na corte espanhola tentavam introduzir também o novo gosto italiano. Teria aí encontrado ,já, como dama da imperatriz, a formosíssima Isabel Freire, a quem o ligava um antigo afecto de mocidade e a quem celebrou mais tarde na écloga Célia. Uma vez na pátria, mete Sá de Miranda mãos à reforma literária e começa por nos dar uma comédia em prosa, Os Estrangeiros, e, pouco depois, entre 1528 e 1529, o gracioso idílio que é a Fábula do Mondego. Calcula-se o que tenha sido a repercussão destas duas composições, que tanto destoavam das formas tradicionais usadas na nossa literatura. Em teatro, estávamos costumados aos autos vicentinos, populares e geniais; em lirismo, nada mais conhecíamos que os redondilhos da escola antiga ou o ritmo singular e trepidante do verso de arte maior.
Supõe-se, aliás, com bons fundamentos, que data de então a rivalidade entre Gil Vicente e Sá de Miranda. O caso não era para menos. Sá de Miranda no prólogo da sua comédia jogava um dichote à consonância forçada do auto nacional, à sua falta de clareza, à sua pouca naturalidade; e, por sorte ou fatalidade, os dois artistas encontravam-se tratando o mesmo tema: a origem fabulosa da cidade de Coimbra, Sá de Miranda na Fábula do Mondego, Gil Vicente na comédia sobre a divisa da cidade de Coimbra, representada nesta cidade em 1527, sem dúvida com a assistência de Sá de Miranda, que teve de ouvir uma alusão do poeta cómico aos "clérigos coimbrãos que, com mui largas pousadas, mantinham as regras das vidas casadas", e se lembraria certamente da irregularidade do seu nascimento. E assim, uma questão meramente literária parece ter cavado uma irredutível antipatia entre dois dos mais nobres representantes da cultura portuguesa, que, por caminhos diversos, lutavam pela mesma causa: a reforma dos costumes, a dignificação mental e moral do País. Note-se porém que essa hostilidade não passa ainda duma bem construída hipótese, aliás rejeitada em 1931 pelo culto investigador dos autos vicentinos que foi Oscar de Pratt.
Com a écloga Alexo e com um ou outro soneto fundou Sá de Miranda a nova escola literária. Estavam pois frente a frente os dois grupos: o da medida velha, ou dos trovistas, e o da medida nova, ou dos petrarquistas. O primeiro era naturalmente mais numeroso e a ele pertenciam alguns amigos do próprio Sá de Miranda, entre outros intransigentes defensores da medida velha, como mais apropriado para os entretenimentos cortesãos. A luta, pois, não teria sido aqui tão violenta como em outra parte, tanto mais que o reformador soube acautelar habilidosamente a transição e aproveitar do passado tudo quanto era de aproveitar. Mas tratava-se duma verdadeira revolução, e todo o embate contra as ideias adquiridas se paga com desgostos e incompreensões. Foi o que sucedeu com Sá de Miranda. Além disto, a sua écloga Alexo continha alusões que, pelo visto, não tinham sido bem recebidas na corte por alguns validos. Ao fazer nela a defesa calorosa do seu amigo Bernardim Ribeiro, com quem andara em Itália, parece aludir a intrigas cortesãs que teriam desterrado o pobre poeta. Alguém viu nisso uma alusão mais ou menos velada ao conde da Castanheira, poderoso valido de D. João III. Ou fosse assim ou não, o certo é que o escritor passou um mau bocado, chegando possivelmente a ser incomodado e talvez preso. Aquele homem em breve se capacitou de que poderia ser tudo, menos homem de corte. E decidiu fugir dela e refugiar-se na aldeia, em busca da sua "muito amada e rica liberdade".
Estava casado ainda antes de Maio de 1530 com D. Briolanja de Azevedo, que conhecera possivelmente em terras de Basto. E como, nesse mesmo ano, segundo parece, lhe foi concedida a comenda das Duas Igrejas, no Alto Minho,junto ao rio Neiva, teve o escritor uma óptima ocasião de se dedicar livremente ao cultivo da poesia, longe do bulício e das intrigas da corte. Foi pois instalar-se na sua quinta das Duas Igrejas, onde viveu até 1551. Nos primeiros anos, Sá de Miranda dedicou-se a novas criações: as suas restantes éclogas, as Cartas - um dos seus grandes títulos de glória -, a sua comédia Os Vilhalpandos, que teria acabado em 1538. já então, após os primeiros combates, estava assegurado o triunfo da reforma literária, apoiada aliás por um grupo de humanistas famosos, entre os quais se contavam Aires Barbosa, André de Resende, Clenardo, Diogo de Teive. Poetas mais moços vieram enfileirar com entusiasmo no bando da nova escola: D. Manuel de Portugal, Pedro de Andrade Caminha, Francisco de Sá de Meneses, logo a seguir António Ferreira e Diogo Bernardes. Mas estas alegrias não compensavam o poeta das dores com que, no seu retiro, assistia aos males da pátria. De 1543 a 1558, ano da sua morte (em 1552 tinha passado a viver na Quinta da Tapada, que tinha comprado, perto das Duas Igrejas), nota-se uma falta de actividade criadora, que a idade avançada não bastará talvez a explicar.
Durante esse tempo, Sá de Miranda, com o desejo de perfeição que o caracterizava, dedicou-se a rever e emendar as suas poesias. Como se deve interpretar este silêncio? O seu biógrafo diz-nos expressamente que nos últimos tempos derramava lágrimas "com a mágoa do que lhe revelava o espírito dos infortúnios da sua terra", de que muito se temia. E D. Carolina Michaëlis, a eminente editora das suas poesias, tem sobre o caso uma impressiva página, que a seguir transcrevemos, e que nos dá uma ideia da súbita mudança que se operou na sociedade portuguesa, sob o olhar vigilante e inquieto do escritor moralista: "D. João III havia já alcançado a bula de 23 de Maio de 1536, que instituía a Inquisição, depois de repetidas e urgentíssimas instâncias; em 1539, 22 de junho, era o infante D. Henrique nomeado Inquisidor- adjunto; e logo no ano seguinte (20 de Setembro) assistia o povo, aterrado, ao primeiro auto-de-fé, poucos meses depois da entrada dos jesuítas.
As penitências públicas, promovidas em 1542 em Coimbra, Porto e outras terras pelos novos padres da Companhia, eram as primeiras revistas fúnebres em um hospital de gente enferma. As nuvens encastelavam-se rapidamente anunciando a tormenta. Abafava-se; numa apagada e vil tristeza entrou nos ânimos. Com que espanto não receberia Miranda a notícia das novas funções do Cardeal, que avançava, em 1547, ao posto absoluto de inquisidor-geral? Para quê esses castigos a ferro e fogo? No ano em que os cortesãos acudiam às fúnebres penitências, abandonava el-rei Safi e Azamor, e em 1549 Arzila e Alcácer. Justificava-se este acto de fraqueza com razões económicas. As drogas da índia valiam mais do que os bastiões das praças africanas, baptizadas com o sangue de milhares de portuguesas! Não havia aí nem ouro, nem rubins, nem cravo, nem pimenta; só a memória de D. João I e do Infante Santo. Depois - as novas da Universidade! Sá de Miranda não as entendia. Os mestres ultimamente nomeados, que já tinham provado, em tão pouco tempo, a sua rara capacidade para o ensino começavam a inquietar-se, rumores vagos de suspeitas e denúncias por todos os lados! A acção de um poder oculto era manifesta. Se as pessoas mais qualificadas, com as quais o poeta antes se entendera, se el-rei e a rainha, se os infantes D. Luís e D. Henrique se ofereciam aos jesuítas e à Inquisição, se até o duque de Aveiro, que não duvidara aceitar e ler obras heréticas, receava! Se todos aqueles, com os quais era lícito contar para novos planos, em virtude de antigas amizades, se retraíam para gastarem os seus dias nas práticas de Simão Rodrigues e Francisco Xavier, para festejarem autos-de-fé e promoverem penitências públicas, então era escusado gastar mais tinta e papel: nenhum deles podia ter já interesse em escutar a queixa rude do pobre "guarda-cabras", o clamor da alma popular não seria ouvido, embora aparecesse vestido em formoso trajo poético. A voz do eremita da Tapada, que só prestava culto à verdade e à razão, era de mais no concerto de ladainhas que se entoava em Lisboa. Emudeceu".
A estes males mais males se juntaram. Pouco depois de estabelecido na sua nova Quinta da Tapada, em 1552, morria o seu amigo Bernardim Ribeiro, em estado de loucura. No ano seguinte, seu filho Gonçalo Mendes de Sá era trucidado pelos mouros em Ceuta. Em janeiro de 1554 finava-se o príncipe D. João, seu querido amigo, em quem via a esperança de melhores dias para a afligida pátria. O ano seguinte viu partir sua dedicada mulher e o infante D. Luís, seu bom amigo. Em 1557 morria el-rei, seu protector. Cheio de desgostos, faleceu o poeta logo a seguir, no ano de 1558; não se sabe ao certo o dia, mas com certeza depois de 17 de Maio, porque ainda nessa data efectuou uma compra de propriedades.
Sá de Miranda é destes homens para os quais a vida e obra constituem uma só peça. A obra, na sua complexidade, na sua obscuridade, define perfeitamente o homem. E este, no ponto de vista artístico, assinala-se em primeiro lugar pelas suas hesitações, coisa aliás natural em quem tentava novos rumos. Era um artista possuído de estranhas insatisfações, um dos escritores mais torturados pela ânsia da forma que tem havido em Portugal. Basta dizer-se que só da écloga Basto, a mais importante talvez das suas composições, há umas 14 redacções diferentes. Ele próprio alude a essa verdadeira doença do estilo, que o fazia corrigir sem cessar e que, por vezes, longe de melhorar a redacção original, a prejudicava seriamente. Está por fazer sobre isso um curioso estudo, que ponha em foco o temperamento artístico de Sá de Miranda e os seus processos de composição baseados nas variantes dos seus textos. Intelectualmente, no humanismo estrangulado que foi o nosso, Sá de Miranda procurou e até certo ponto achou um equilíbrio entre a razão clássica e as exigências do sentimento cristão. A atmosfera da Reforma não o contaminou talvez, mas inspirou-lhe uma atitude severa para com todas as formas de falsa devoção. Em vários passos das suas poesias se revela essa intransigência do cristão íntegro, que via com maus olhos medrar o fanatismo oficial. A maneira audaciosa como defende o método experimental, a dúvida metódica e a liberdade do pensamento integra-se bem na vaga nacionalista do Renascimento, embora em tudo isto procure ressalvar as verdades reveladas da sua fé.
Mas há mais: Sá de Miranda vai mais longe, e por isso o sentimos actual e superior ao seu meio e à sua época: ele afirma a igualdade perante a lei encarnada no soberano, põe na sua obra uma paixão de justiça social, caríssima nos homens do seu tempo, aqueles homens "de bom saber", de quem se ria Gil Vicente. Vivendo na aldeia, em meio dos pobres camponeses, Sá de Miranda observou-lhes a vida de trabalhos e misérias. Não há nele, como nos demais humanistas horacianos, o desdém pelo povo, a aristocrática indiferença pelas suas dores. Há, sim, o desprezo por tudo quanto é reles e vulgar; ora para aquele homem justo, fervoroso pelo bem comum, o povo trabalhador e humilde não era uma cousa vi, antes pelo contrário representava o verdadeiro sustentáculo da nação, que era preciso defender contra a prepotência dos grandes e contra os abusos do fisco. Sob este aspecto, na compreensão do fenómeno social, nenhum dos seus contemporâneos se elevou a tão grande altura.
Esta paixão da justiça e o exemplo da virtude realizada acarretaram a Sá de Miranda enorme prestígio em vida. Todos os contemporâneos celebram o grande escritor cidadão. Mas há um testemunho que, por não ser literário, tem ainda maior eloquência. Sousa Viterbo descobriu em 1895 um singular documento: uma carta dum tal Francisco Gil ao rei D.João III, acusando os almoxarifes de serem ladrões do povo e aconselhando el-rei a escolher para ser arrecadador de Entre Douro e Minho um certo Francisco de Sá de Miranda, "homem de alto e heróico entendimento". Foi a mais bela homenagem que se lhe prestou em vida.
Rodrigues Lapa
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