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Os Colecionadores
Com o fim do morgadio e das ordens religiosas, tornou-se possível comprar e vender muitas obras de arte e antiguidades que antes eram inalienáveis.
Nasceu assim o gosto pelo coleccionismo em Viana do Castelo.
Serafim de Sousa Neves – Campo d’ Agonia.
Compõe-se de preciosos objectos de arte e de alto valor arqueológico; instrumentos asturienses, machados de bronze, moedas, louças antigas portuguesas e estrangeiras, preciosos exemplares da extinta fábrica de Viana; cristais, armaria, azulejos (hispano-árabes, holandeses, etc); quadros a óleo, gravuras e desenhos. Possui uma coleção de desenhos e pequenas maquetes de Soares dos Reis.
Luis Augusto de Oliveira
Luís Augusto de Oliveira nasceu em Goães (Vila Verde – Braga), a 9 de Agosto de 1851. Era médico militar e veio para Viana no exercício das suas funções e aqui desenvolveu o gosto pelo colecionismo. Passou à reserva (como coronel-médico) em 1903 e reformou-se em 1911, mas já não abandonou esta terra. Ele próprio afirmou, a propósito de uma polémica com José Queirós sobre a qualidade das peças de Viana “nós somos suspeitos porque, residindo em Vianna haverá cerca de quarenta annos, onde constituímos família, devemos ser considerado como um viannense, e com muito prazer o affirmamos”.
Publicou várias obras sobre cerâmica, algumas de referência, como o estudo que publicou no catálogo da “Exposição Retrospetiva de Cerâmica Nacional em Viana do Castelo”. (1920)
Quando morreu, em 25 de Maio de 1927, deixou, naturalmente, os seus bens ao seu filho único, Manuel Espregueira e Oliveira que, apesar de não partilhar a paixão do pai, manteve a coleção intacta, nomeadamente as peças que estavam emprestadas ao Museu. À sua morte, em 20 de Novembro de 1953 deixou em testamento “respeitando a memória, sempre venerada de meu saudoso Pai, inteligente crítico de Arte e incansável colecionador de objetos de arte antiga, deixo por morte de meu primo, Engenheiro Roberto de Espregueira Mendes, com o nome de meu saudoso Pai, as coleções de arte antiga que a referida casa encerra ao futuro e já previsto novo Museu Municipal de Viana do Castelo, como cooperação para a organização de uma moradia fidalga, do século dezoito, com todo o fausto da época, valorizando-se a cidade que é de todos nós e que tão querida foi dos meus antepassados.”
No entanto, Roberto Espregueira Mendes decidiu repudiar este legado por considerar pouco interessante a situação de ficar depositário de uma coleção cuja propriedade não era sua, constituindo ainda uma responsabilidade grande, até porque, nessa altura vivia já em Lisboa, onde a sua casa não podia albergar tantas peças.
Assim, em 1955, depois de uma avaliação feita por Augusto Cardoso Pinto, diretor do Museu Nacional dos Coches, a coleção foi definitivamente transferida para o Museu Municipal.
Esta coleção era composta por mais de 800 peças de loiça, principalmente de Viana, 27 pinturas (óleos e aguarelas), 75 desenhos de mestres como Pedro Alexandrino, Vieira Portuense, Domingos Sequeira e outros de mestres franceses, 100 peças de mobiliário, entre elas contadores e mesas indo-portuguesas, bem como várias peças de mobiliário do século XVII e XVIII e 42 outras peças, como cruzes processionais, pequenas caixas, baixos-relevos com motivos religiosos, para além das peças que já estavam no Museu.
Foi, portanto, o interesse cientifico de Luís Augusto de Oliveira e a generosidade, bem como o espírito altruísta do seu filho Manuel Espregueira e Oliveira que permitiram a formação em Viana do Castelo de um Museu com uma das melhores coleções de faiança portuguesa (especialmente da fábrica de Viana) e de artes decorativas.
COLEÇÕES DO MUSEU
As salas do andar nobre viradas para o Largo de S. Domingos estão preenchidas com alizares de azulejos do século XVIII de produção Lisboeta e estão atribuídos ao artista Valentim de Almeida. De temática barroca, representam os quatro continentes, cenas de caça e de jardim. A capela interior está igualmente revestida por excelentes azulejos historiados com temas bíblicos assinados pelo pintor Policarpo de Oliveira Bernardes (1695-1778).
A coleção de faiança do Museu de Artes Decorativas de Viana é das mais significativas existentes em Portugal. Graças ao impulso reformista da segunda metade do século XVIII que contemplou a indústria da cerâmica, assiste-se a um aumento da produção e ao surgimento, em várias localidades, de centros fabris para o fabrico de faiança.
O núcleo de faianças do Museu constitui uma pequena montra dessa produção nacional, possui exemplares representativos de cerca de duas dezenas de fábricas, que laboraram em todo o país, em especial na região norte (Porto e Viana).
Apesar da faiança de Darque - Viana (1774-1885) ser o núcleo mais numeroso e por isso - merecer sala própria - outras fábricas merecem destaque nesta exposição pela sua representatividade e diversidade:
A norte de Viana, na freguesia de Vilarelho em Caminha, situava-se a Fábrica da Quinta da Cabana (1820), fundada por António Xavier da Silva. De reduzida laboração, produziu faianças de “uso doméstico” que eram comercializadas na região, mas a maioria das peças tinham como destino “as vizinhas povoações raianas galegas”.
A Fábrica de Miragaia, (1775) situada na margem direita do rio Douro, fundada por João da Rocha e seu sobrinho produziu louça moldada e relevada de esmaltes tingidos, anilados ou em azul de safra, peças com abas recortadas e normalmente marcada com o “R” da família Rocha.
No Porto, localizada na freguesia de Massarelos, a Real Fábrica de Massarelos, a mais antiga do país (1763) está representada na sua primeira fase, pela decoração de influência francesa, designadamente, os frisos com bandas de Rouen pintados em azul. As peças são marcadas com “P” ou “B” ou “Porto”.
Em Vila Nova de Gaia, localidade de grande tradição em cerâmica marcam presença as peças da Fábrica do Cavaquinho fundada em (1780) junto ao rio Douro, Santo António Vale da Piedade (1792), Fervença, fundada (entre1824 e 1826), Bandeira (1840) e Afurada ( 17… ) sendo atribuído a esta fábrica um prato do “menino gordo”.
Ainda na zona norte, o fabrico de Aveiro assinalado com a exibição de uma caneca decorada com pintura azul e branco, raro exemplar marcado AVº.
A produção seiscentista e da primeira metade de setecentos está representada por um conjunto numeroso de faianças, vulgarmente designado de ”Louça azul”, interpretação da porcelana chinesa produzida em Lisboa e Coimbra .
Destaca-se ainda da mesma área geográfica de Coimbra a produção de pratos conhecidos de “Ratinhos” nome atribuído aos trabalhadores rurais que migravam das regiões pobres do Norte, principalmente da Beira para terras mais produtivas do Alentejo. É uma faiança herdeira da louça «Brioso», rústica, que conjuga na ornamentação elementos vegetalista, e figuras humanas.
Localizada no Distrito de Leiria, a Fábrica do Juncal (1770) produziu peças que se distinguem pela pintura monocromática em tom vinoso.
Em Lisboa, o principal centro de produção cerâmica de foi a Real Fábrica do Rato (1767). Da Real Fábrica, são as peças decoradas a azul, executadas na vigência dos dois primeiros Mestres: Tomás Brunetto (1769-1771) e Sebastião de Almeida (1771-1779). As peças aparecem marcadas pelas abreviaturas F.R, por vezes, com monogramas dos respetivos mestres. Ainda em Lisboa mas nos arredores, junto ao Cais do Tojo, funcionou a Fábrica da Bica do Sapato (1796), dispondo o Museu de alguns exemplares não marcados.
A escultura embora não seja muito representativa, o destaque vai para uma descida da cruz em barro policromado, atribuída à oficina de Machado de Castro, (séc. XVIII), dois guerreiros em terracota, - que decoravam a platibanda do edifício, do século XIX, peças em marfim e relevos em madeira.
Uma parte importante do acervo do Museu é composta por coleções de faiança, nomeadamente da Fábrica de Loiça de Viana, sendo detentor de uma das mais importantes coleções do país. Esta fábrica foi fundada em 1774 na sequência da política protecionista do Marquês de Pombal que proibiu a importação de produtos de luxo, nomeadamente loiças. Ficavam assim criadas condições para proteger as fábricas já existentes e para o aparecimento de outras, como foi o caso desta, em Darque, que marcou as suas peças com a indicação de “Vianna” ou simplesmente com um “V”.
Foi o próprio Luís Augusto de Oliveira quem analisou e historiou a produção das peças tendo encontrado 3 diferentes períodos e, de acordo com “a qualidade da pasta, do esmalte, da modelação, da decoração e ainda pela forma das respetivas marcas” definiu períodos do início, áureo e decadência.
Ao longo dos 81 anos em que laborou a fábrica atingiu uma qualidade excelente, tanto ao nível da pasta como da decoração, mas, com o fim da política protecionista a produção decaiu de qualidade e acabou por ter de fechar portas em 1855.
O mobiliário integra um núcleo de peças muito diversas em dimensão, tipologia, materiais e técnicas. O período quinhentista está representado por duas magníficas peças; um bargueño em madeira dourada e marfim, de origem espanhola e um contador renascentista, com grotescos embutidos em madeira.
Destaque ainda para um importante conjunto de móveis indo-portugueses, (século XVII) ricamente decorados com madeiras raras, marfim e pele de tartaruga.
Completam este núcleo, armários e cómodas, de vários estilos, mesas com torneados e cadeiras com couros gravados do século XVII e XVIIII.
A chegada do euro e o consequente adeus ao escudo, criou uma certa nostalgia nos portugueses, comprovada pelo crescente interesse pela numismática em geral e pelo numária portuguesa em particular, o que originou um significativo aumento do número de colecionadores em Portugal, pelo que a Câmara Municipal de Viana do Castelo, achou oportuno e importante mostrar ao público o seu raro e valioso espólio numismático, no fundo a coleção coletiva dos vianenses. Esta exposição, que apresenta raras moedas portuguesas desde o reinado de D. Afonso Henriques até à implantação da República, mais do que um simples mostruário numismático, constitui também e muito especialmente, uma forma de transmitir toda a carga cultural, social e politica que as moedas contêm e de que são o seu reflexo material.
Destaque para algumas pinturas sobre madeira atribuídas às escolas portuguesa e espanhola dos séculos XVI e XVII. Os séculos XVIII e XIX estão representados por obras de mestres pintores: Domingos Sequeira, Vieira Lusitano, Vieira Portuense, Pedro Alexandrino, Soares dos Reis, João Glama Strobel, Cirilo Wolkmar Machado, Augusto Roquemont, João António Correia e Francisco José Resende e Eugénio Lucas (Padilha).
O século XX (primeira metade) está representado por artistas locais ou residentes na cidade, com destaque para os pintores Carolino Ramos, António Alves e George Loukomsky.
A secção lapidar do Museu de Artes Decorativas conta com mais de três dezenas de peças. Entre as mais significativas, destaca-se o núcleo de heráldica constituído por catorze objetos que se classificam como Pedras de Armas. Inclui ainda, várias coberturas tumulares, capiteis, marcos da Casa de Bragança, e outros objetos de material pétreo.
(Sala em remodelação. Brevemente disponível para visita)
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